Alfred von Kropatschek
Alfred Ritter von Kropatschek (Bielitz, Schlesien (Silésia Austríaca, hoje sudoeste da Polónia), 30 de Janeiro de 1838 — Lovran (Ístria, hoje Croácia), 2 de Maio de 1911)[1] foi um general do Exército Austro-Húngaro e inventor de armas de fogo, que se notabilizou no último quartel do século XIX pela concepção de carabinas e espingardas de guerra de grande robustez, fiabilidade e versatilidade de uso. Desenhou uma espingarda de infantaria para uso das forças coloniais portuguesas (a Kropatschek m/1886/89) que foi determinante no sucesso das Campanhas de Conquista e Pacificação e na consequente consolidação da presença portuguesa em Moçambique e em Angola.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Oficial de artilharia no Exército Austro-Húngaro, onde atingiu o cargo de Inspector-Geral da Artilharia (Generalinspektor der Artillerie), dedicou-se à concepção e teste de armas de fogo ligeiras, matéria em que se tornou um dos principais especialistas europeus.[2] Concebia e projectava armas para serem produzidas e testadas pela Fábrica de Armamentos Steyr (Waffenfabrik Steyr), de Steyr, Áustria, uma unidade fabril pertencente à Österreichische Waffenfabrik-Gesellschaft (OE.W.F.G.). As armas por ele desenhadas foram utilizadas pelos exércitos do Império Austro-Húngaro e de diversos outros estados, com destaque para Portugal.
As espingardas e carabinas que concebeu tinham carregador tubular localizado sob o cano, num arranjo similar ao das espingardas Winchester. O elevador da munição era o ponto chave das armas projectadas por Kropatschek. A sua arma mais famosa foi o revólver Gasser-Kropatschek M1876, usado pelos oficiais austro-húngaros durante várias décadas.[3]
Um dos projectos de Kropatschek foi vendido à Marinha Francesa, que depois o cedeu ao Exército Francês que adoptou o modelo como base para o desenvolvimento da espingarda Lebel, uma das suas armas padrão mais produzidas e prolíficas, que serviria como arma da infantaria de combate francesa no período de 1886 até à Primeira Guerra Mundial. Em consequência desta adopção pela França, houve mais balas disparadas por armas Kropatschek contra soldados austríacos do que disparadas por soldados austríacos.[4]
Kropatschek foi contemporâneo de Ferdinand Mannlicher na sua ligação com a empresa de munições de Steyr, mas adoptaram soluções técnicas diferenciadas, divergentes em matéria de elevadores e de culatras. Enquanto as armas Steyr Kropatschek utilizavam um carregador tubular, as armas Steyr Mannlicher utilizavam um carregador em forma de caixa. Os factores limitantes na utilização de carregadores tubulares eram: (1) o risco da ponta da bala percutir acidentalmente a espoleta da munição que a precede no tubo; (2) a limitação da capacidade de armazenamento em armas curtas como as carabinas. A essas limitações acresce a vantagem que os carregadores não tubulares oferecem na rapidez de recarga através da inserção de munições pré-montadas em pente ou em fita.
Obras publicadas
[editar | editar código-fonte]- Die Umgestaltung der K. K. österreichischen Gewehre in Hinterlader, 1867;
- Automatischer Tempierschlüssel, 1893.
Armas projectadas
[editar | editar código-fonte]Áustria-Hungria
[editar | editar código-fonte]- Model 1881 Gendarmarie Carbine (carabina, também conhecida como "M1874/81")
- M 1881 protótipos de espingardas
França
[editar | editar código-fonte]- Modéle 1878 (Fusil de Marine Mle 1878)
- Modéle 1884 (Fusil d'Infanterie Mle 1884)
- Modéle 1885 (Fusil d'Infanterie Mle 1885)
Portugal
[editar | editar código-fonte]- Modelo 1886 (Espingarda de Infantaria 8 mm m/1886)
- Modelo 1886/1889 (Espingarda de Infantaria 8 mm m/1886/1889, para uso pelo Exército Colonial, equipada com protector de calor)
- Modelo 1886 (Carabina de Caçadores 8 mm m/1886)
- Modelo 1886 (Carabina de Cavalaria 8 mm m/1886)
Notas
- ↑ Alfred Ritter von Kropatschek.
- ↑ Nota biográfica no Österreichisches Biographisches Lexikon 1815 – 1950.
- ↑ Alfred Ritter von Kropatschek (1838-1911) Arquivado em 12 de maio de 2011, no Wayback Machine..
- ↑ Roger A. Pauly (2004). Firearms: The Life Story of a Technology. Greenwood Press. p. 111 (ISBN 0-313-32796-3).